(9) Instantâneos: o homem da barquilhera
Dois cenários, a mesma expetativa infantil, personalizada por miúdos ou graúdos. Os vendedores de barquilhos*, que percorriam muitas praias do País e também existiam em algumas cidades, tinham um atrativo especial. Para além da antecipação de sentir a bolacha fina e doce a desfazer-se na boca, a venda envolvia um jogo que era um verdadeiro ritual de encanto. Os compradores, sobretudo as crianças, vibravam enquanto rodavam uma espécie de roleta que o dispensador metálico de barquilhos tinha no topo. Consoante o número alcançado, assim recebiam igual quantidade de bolachas “tipo americano”, em pequenos rolinhos que faziam a delícia da criançada. Mal se ouvia o pregão do homem - ou mulher - da “barquilhera”, os putos corriam em bandos para tirar a sua sorte e deleitar-se com a guloseima. Diz quem viveu tal experiência que, os que hoje se vendem, em grandes sacadas, são muito mais grossos e sensaborões, sem ter metade da graça que o jogo lhes dava.
*Barquilhos, como se pode depreender pelo texto, são pequenas bolachas enroladas, semelhantes aos cones que se usam nos gelados.
Fontes: Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/pt/ PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/FEC/000032 PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/PEL/005/S03748
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