Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O sal da história

Crónicas da história. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos.

O sal da história

Crónicas da história. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos.

Importantes de Alcácer foram pedir uma nova ponte ao rei

Alcacer do Sal 026.jpg

 

A travessia caiu cinco anos após a construção e só voltaria a ser erguida quase duas décadas depois. Foram anos difíceis, que muito prejudicaram a economia de Alcácer e do resto da região.

 

Alcácer do Sal é facilmente reconhecida pelas imagens das várias pontes que, na atualidade, ali unem as duas margens do Sado. Agora imagine aquela cidade alentejana sem estas ligações e pense no que isso implicava de incómodos e dificuldades. Foi assim durante muitos séculos, até que, em 1879, se ergueu uma travessia que se desmoronou passados cinco anos de uso. Face ao atraso na reconstrução, em 1888, alguns dos mais influentes alcacerenses uniram-se para reivindicar ao Rei e ao Governo essa obra tão necessária. Organizaram comícios e manifestações, escreveram cartas e até foram a Lisboa expor a situação.

ponte 3.JPG

 

“Senhor, os habitantes do concelho d’Alcácer têm sempre dado provas de muita cordura; pacientes e sossegados, nunca incomodaram os poderes públicos com solicitações mal cabidas; amantes das instituições, (…) têm sempre pago regularmente as suas contribuições”, podia ler-se na apresentação endereçada a D. Luís, onde se pedia, em nome das gentes desta terra, que “do muito que têm contribuído para os melhoramentos de todo o país”, fosse “extraída uma pequena parcela e aplicada na construção de uma ponte sobre o rio Sado, a qual”, asseguravam, “se mais de perto interessa a esta vila, interessa também a uma boa parte do Alentejo”.

A situação tinha, de facto, graves consequências para toda a região, como também se argumentava na missiva publicada na imprensa. Aí, lembrava-se que a passagem ligava três estradas reais e uma distrital, sendo fundamental para também os concelhos de Grândola e Santiago do Cacém escoarem os seus cereais, cortiça e gado. “Não havendo uma ponte, a travessia do rio tem de ser feita em barcos, do que provêm demoras que prejudicam, baldeações dispendiosas, que vão aumentar o (…) custo dos produtos” e provocam “deteriorações” dos mesmos, explicava-se.

A então vila de Alcácer do Sal, que já havia sofrido com o desvio de mercadorias verificado após a construção da linha de caminho-de-ferro do Alentejo, estava então “quase paralisada” pela falta da ligação entre as suas duas margens.

ponte4.JPG

 

Em Lisboa, os “grandes” do concelho, entre lavradores e comerciantes, contavam com a influência de António de Campos Valdez, também ele alcacerense e na época deputado pelo círculo de Santiago do Cacém, que se movimentava em prol das questões que preocupavam a sua terra, com a ponte no topo das prioridades.

É também à intermediação de Valdez que é atribuída a audiência que o então ministro das Obras Públicas dispensou, em 8 de novembro de 1888, a João Alves de Sá Branco; Francisco da Silva Brito; José Vieira d’Abreu e José Godinho Jacob. No final, estes manifestaram-se esperançosos e satisfeitos com a receção de que foram alvo.

 “Coitados, como são crédulos!” comentava um jornalista não identificado  n’O Alcacerense, dias depois da reunião, vaticinando que a ponte só seria reconstruída quando alguém que tivesse voto na matéria quisesse, a não ser que, entretanto, houvesse eleições para as quais os votos de Alcácer fosse necessários. “De outro modo nada se faz e são inúteis os comícios e representações…”alvitrava a mesma opinião.

Quem quer que fosse, estava certo, porque a passagem só foi reerguida a partir de 1902, quase vinte anos após ter abatido parcialmente a partir do encontro Norte a original travessia, construída pela câmara local, segundo iniciativa do visconde de Alcácer do Sal, António Caetano de Figueiredo.

 

À margem

galiano abreu 3.GIFJosé Vieira d’Abreu - um dos “notáveis” de Alcácer do Sal que compunha a comissão recebida pelo ministro - era o farmacêutico da terra, posição de grande destaque e influência naqueles tempos. Três anos depois, casado com a alcacerense Maria Rosa Esteves d’ Abreu, e já em Setúbal, onde abrira nova farmácia, na rua Antão Girão, seria pai de Galiano Esteves Vieira d’ Abreu. Este foi um dos fundadores do Núcleo da Cruz Vermelha de Setúbal. Como médico, serviu na I Grande Guerra e, no regresso, foi chefe de uma enfermaria do Hospital da Santa Casa da Misericórdia local, concluindo depois a especialidade como médico radiologista, na Universidade da Sorbonne, em Paris. Voltaria a exercer em hospitais de Lisboa e Setúbal e em consultório próprio, nesta cidade, que o homenageou atribuindo o seu nome a uma rua. Resta dizer que casou com Maria Esperança Soeiro de Almeida, filha do reitor do Liceu Municipal de Setúbal, Manuel Neves Nunes de Almeida, por sua vez homenageado na toponímia de Setúbal e do Montijo.

Mas isso é outra história…

…………………..

 

Fontes

https://issuu.com/osetubalense/docs/edi____o_311_16-03-2016

Jornal O Setubalense

Nº 311, ano III, 4ª série – 16 mar. 2016

Texto de Diogo Ferreira

Mestre em História Contemporânea, Investigador no Instituto de História da Faculdade de Ciências Socais e Humanas da Universidade de Lisboa.

 

Arquivo Municipal de Alcácer do Sal

Jornal o Alcacerense

1º ano, nº 4, 19 fev. 1888

PT_AHMALCS_CMALCS_JJR_01_01_01_001

1º ano, nº 6, 04 mar. 1888

PT_AHMALCS_CMALCS_JJR_01_01_01_003

1º ano, nº37, 28 out. 1888

PT_AHMALCS_CMALCS_JJR_01_01_01_029

1º ano, nº 38, 04 nov. 1888

PT_AHMALCS_CMALCS_JJR_01_01_01_030

1º ano, nº 39, 11 nov. 1888

PT_AHMALCS_CMALCS_JJR_01_01_01_031

1º ano, nº 40, 18 nov. 1888

PT_AHMALCS_CMALCS_JJR_01_01_01_032

Imagens

PT/AHMALCS/CMALCS/BFS/01/01/01/226

PT/AHMALCS/CMALCS/BFS/01/01/01/227

 

http://memoriarecenteeantiga.blogspot.com/2017/04/

 

Registos paroquiais Portugueses para Genealogia

www.tombo.pt

Todas as peripécias da visita de Eduardo VII a Portugal

 

00010_M eduardo vii.jpg

 

Os convidados ingleses tinham whisky e chá à discrição nos seus aposentos. Só mesmo assim poderiam aguentar os curiosos hábitos deste estranho povo do sul da Europa.

 

A primeira deslocação oficial de Eduardo VII ao estrangeiro teve como destino Portugal. Corria o ano de 1903 e, a par da versão formal dos acontecimentos, como sempre acontece, há o relato oficioso daquela viagem que teve uma organização-relâmpago e até ignorada pela corte britânica, incluindo a rainha Alexandra, quando já se cochichava por Lisboa inteira. Esta é a versão light da visita do homem em honra do qual se batizou o grande parque do centro de Lisboa.

Bertie, como era conhecido entre a família próxima, viajava para Portugal com o intuito de distrair as atenções de outras incursões bem mais complexas do ponto de vista da política externa que pretendia efetuar, a França e à Alemanha. Depois de alguma hesitação, tratou tudo com o maior sigilo, mas assim que a notícia chegou à capital portuguesa, passou ao domínio público, o que muito irritou o monarca, bisavô da atual rainha de Inglaterra,

0013_Meduardo vii.jpgAinda assim, o yacht Victória and Albert, em que se fez transportar, deu entrada no Tejo a 2 de abril, cerca de um mês após a decisão tomada. Uma rapidez totalmente impensável nos dias que correm.

Poderia aqui falar da parada militar que, na Praça do Comércio, recebeu o rei; das visitas de comboio a Cascais e Sintra; da receção de que foi alvo na Sociedade de Geografia de Lisboa; do fogo-de-artifício ou da iluminação da margem sul; da inauguração do Club Inglês; da récita no S. Carlos; da sessão de tiro aos pombos, na Tapada da Ajuda ou da tourada que em sua homenagem se organizou, no Campo Pequeno…

 

 

Poderia, mas não é do relato oficial que trataremos.

0009_M.jpg

 

Para começar, a visita suscitou uma verdadeira agitação social, com provincianos a desembarcar aos magotes, vindos de outros pontos do país para ver os festejos, o que foi coadjuvado pela redução nas tarifas ferroviárias e pelo facto de ter sido decretado feriado.

É assim, que as elaboradas toiletes das senhoras da alta sociedade, os fatos completos e as fardas militares de muitos cavalheiros, conviveram com numerosos maltrapilhos, mulheres de lenço na cabeça, carregadas com cestas e sacas, bem como crianças de pé descalço, que provavelmente aproveitaram as seis mil senhas de refeição nas cozinhas económicas, gratuitamente distribuídas pela ocasião.

0007_M.jpg

 

Na Praça do Comercio, onde a imponente estátua de D. José I foi ofuscada por um improvisado embora grandioso pavilhão, a revista às tropas foi feita a pé, porque Bertie, tão ou mais roliço que o primo Carlos, não sentia segurança em montar a sua muito robusta pessoa em equídeos que não conhecia. Lado a lado, os dois monarcas desfilaram, parecendo que os botões das suas vestes rebentariam a qualquer momento, não resistindo à pressão dos seus rotundos ventres.

 

A afluência foi tal que, na véspera da chegada, o Diário de Notícias publicava, não dez, não vinte, mas 115 anúncios para aluguer de janelas em casas que ficavam no percurso planeado para a comitiva.

No Chiado houve mirones que pagaram o “preço fabuloso” de 100 mil reis e no topo do elevador do Carmo (Santa Justa) foram colocadas umas muito disputadas e caras cadeiras.

 

Não admira também que se tivesse esperado pela véspera para fazer aquela oferta, uma vez que o trajeto foi alterado muitas vezes, em especial porque os ilustres seriam conduzidos em seis estupendos coches, “restos da nossa antiga opulência”, os quais, tal como as galeotas* que transportaram os visitantes até terra, foram muito apreciados pelos ingleses, mas constituíam um verdadeiro problema, ora por serem muito antigos e ameaçarem desintegrar-se ao menor solavanco, ora porque tinham dificuldades nas curvas apertadas e trechos inclinados.

00011_M eduardo vii.jpg

 

Um dos cavalos atrelados caiu para o lado e morreu durante o passeio: foi a sua forma de protestar contra os ingleses, ironizou Ramalho Ortigão.

0005_M eduardo vii.jpg

 

O tio da Europa, como também era conhecido Eduardo, por ser aparentado com todas as casas reais do continente, ficou alojado no palácio das Necessidades, em aposentos habitualmente ocupados pelo rei português, que assim se viu momentaneamente despejado.  

Foi providenciado que os ingleses tivessem, sem reservas, whisky e soda, de noite, e chá, pela manhã.

Isto deve ter sido essencial para aguentar de bom ânimo a tourada à antiga Portuguesa, extraordinariamente realizada durante a Semana Santa, perante o escândalo dos mais devotos e o horror de alguns britânicos, que acharam aquele um costume absolutamente bárbaro.

E o que dizer da mítica condução do Infante D. Afonso, que brindou os visitantes com alguns momentos completamente desenfreados no trajeto entre Cascais e a Boca do Inferno?...Só mesmo um trago de whisky ao deitar para acalmar tanta excitação.

0008_M eduard vii.jpg

 

No final da visita, o hino inglês já seria mais conhecido do que o lusitano, tantas foram as versões ouvidas e trauteadas, desde coros de freiras e casapianos, às copiosas interpretações instrumentais de que foi alvo o God save the King.

 

Certo também é que, durante estes poucos dias, a luta política de certa forma abrandou e D. Carlos foi um pouco poupado ao habitual festim de críticas.

Ainda que as memórias se mantivessem frescas quanto ao acabrunhante ultimato britânico que gorou as pretensões coloniais portuguesas expressas no mapa cor-de-rosa, a visita foi um êxito e todos, mesmo os detratores do rei de Portugal, queriam ver e ser vistos em toda a animação vivida naquele longínquo mês de abril de 1903.

 

 

À margem

 

Apesar de todas as peripécias, a visita correu de feição e, como é hábito nestas circunstâncias, D. Carlos tentou mostrar o melhor que o País tinha para oferecer, nomeadamente alguma modernidade. No Museu de Belas-Artes – hoje Museu Nacional de Arte Antiga  – de onde os importantes convidados assistiram ao fogo de artifício no Tejo -  a sala onde foi degustado um magnífico bufete da Casa Ferrari, serviu para expor os “novos” artistas nacionais, como Columbano, Malhôa, Condeixa, Luciano Freire e o escultor Teixeira Lopes. No mesmo palácio, aliás, já em 1882 se havia inaugurado uma exposição a propósito da visita de monarcas estrangeiros, nesse caso eram os reis de Espanha e dava-se a conhecer uma retrospetiva de arte ornamental ibérica. De resto, também Eduardo VII não era um estreante em terras lusas, pois já por aqui tinha passado, em 1876, no regresso da Índia, quando era ainda príncipe de Gales e as suas aventuras amorosas nos bordéis parisienses escandalizavam o velho continente.

Mas isso é outra história…

................

*Já falei das galeotas reais e os seus remadores algarves aqui.

**Já falei das formalidades - e hipocrisias - da Semana Santa, aqui

 

Fontes

http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/

Hemeroteca Digital de Lisboa

O Occidente – Revista illustrada de Portugal e do Estrangeiro

26º ano, XXVI Volume, nº 873 – 30 mar. 1903

26º ano, XXVI Volume, nº 874– 10 abr. 1903

26º ano, XXVI Volume, nº 875 – 20 mar. 1903

26º ano, XXVI Volume, nº 876 – 30 abr. 1903

 

Marquês de Soveral, seu tempo e seu modo, de Paulo Lowndes Marques, Texto Editora, 2009, disponível em

https://books.google.pt/books?id=NuqZ7T2vWKcC&pg=PA176&lpg=PA176&dq=bergantins+remadores+algarves&source=bl&ots=jebo-2QBtf&sig=Z_mXiB9dl-uFI7gOfaJrpo_JKRQ&hl=pt-PT&sa=X&ved=0ahUKEwi4oIjbqvTZAhUF1hQKHWgCBmo4ChDoAQgmMAA#v=onepage&q=bergantins%20remadores%20algarves&f=false

 

Imagens

Arquivo Fotografico Municipal de Lisboa

http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/pt/

 

PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/ACU/000307

PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/ACU/000313

PT/AMLSB/ORI/000068

PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/LSM/000030

PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/LSM/000086

 

Augusto Bobone

PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/BOB/000002

PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/BOB/000074

PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/BOB/000312

 

 

 

 

O tenebroso carrasco da torre

00674_004455.jpg

 

Grosseiro, brutal, sem moral ou escrúpulos e, ao mesmo tempo, ridiculamente presunçoso e burocrático. Cair nas suas garras era sinal de morte ou sofrimento atroz.

 

A simples menção do seu nome infundia o mais profundo terror, como se do inferno seguido de morte se tratasse. Simultaneamente, talvez num desvario de desespero, conseguia arrancar gargalhadas enlouquecidas às suas vítimas, tão caricatos eram as suas maneiras e argumentos. Teles Jordão, valente militar na defesa de Portugal contra o jugo francês, transformado em tenebroso carrasco dos liberais desafortunadamente presos na “sua” torre de S. Julião da Barra.

Os homens não têm só uma cara, mas é difícil encontrar relatos que sejam elogiosos para esta figura, mesmo entre os seus companheiros de armas. Nascido na Guarda, em 1777, foi subindo na carreira militar a pulso e parece ter hesitado entre liberais e absolutistas, pois abraçou uns, mas conspirou por outros; foi promovido pelos primeiros que depois o destituíram por compactuar com os segundos. Foi verdugo dos miguelistas e morreria às mãos dos partidários de D. Maria II, depois de, com a suas próprias mãos ou pelo trabalho sujo encomendado a terceiros, ter levado para à cova muitos defensores da constituição liberal.

sem nome.png

 

“Monstro intratável, orgulhoso e pedantesco”, “malvado por natureza” e com uma língua viperina”. Estes são alguns dos epítetos com que o governador da prisão de São Julião da Barra durante grande parte do reinado de D. Miguel é caracterizado pelos que sofreram às suas mãos ou viram outros sofrer.

Mais de 600 presos de Estado – leia-se políticos – encerrados num edifício húmido, infecto, gélido, sem cama ou luz, por vezes dias e dias sem comer ou poder comunicar, meses sem receber notícias da família. Muitos oficiais das hostes liberais, funcionários públicos, comerciantes, proprietários – apenas uma mulher - a condessa da Subserra – cujo delito era pugnarem por outras cores, ali misturados com salteadores e homicidas. Uns e outros, à mercê de um só homem: Joaquim Teles Jordão.

E este fazia bem jus à sua fama, humilhando, oprimindo cruelmente, espancando, indiscriminadamente atirando para os subterrâneos, sem perguntas ou justificações.

Era “obsceno e desbocado até na presença da mulher e filha” e maltratava também a guarnição, não poupando os “seus” a todo o tipo de grosserias, estivesse sóbrio ou, pior, quando estava embriagado, pois “depois do jantar, todas as suas obras, para além de serem filhas da sua má índole, tinham ressaibos do vinho que o ventre lhe pejava”.

Ao mesmo tempo que se arrogava saber sobre todos os assuntos, defendia não haver necessidade de escolas ou livros e o seu primarismo contrastava com as formalidades impostas aos presos: para tudo exigia requerimentos, mas depois contestava-os de forma petulante, desconversando, ironizando, empatando e nunca respondendo de facto.

Foi um reinado de terror que durou até Teles Jordão ser novamente chamado a pelejar, já marechal de campo, para defender os desígnios de D. Miguel. Aí, voltou a bater-se valentemente, mas a história tinha previsto um fim trágico para o homem que tanto ódio fomentou.

000%2018330723%20Cartas%20de%20jogar%20Vitórias%2

 

Incumbido de intercetar as tropas comandadas pelo Duque da Terceira, que se dirigiam para Lisboa, passou o Tejo para a margem sul e, aí, na batalha da Cova da Piedade, foi surpreendido pelas hostes inimigas que, embora em menor número, conseguiram impor a sua força, obrigando os realistas a recuar em direção a Cacilhas, sob o tórrido sol de 23 de julho de 1833.

Junto ao rio “matou-se muito nos degraus do molhe. As pequenas ondas do Tejo lambiam das pedras o sangue e os mortos”. Teles Jordão é reconhecido, “alvejado a tiro por um, acutilado por outro e liquidado à baioneta por um soldado” - Romão José Soares. Os populares “apoderam-se do cadáver, que andou em bolandas servindo de alvo à chacota”.
Acabou  "por ser abandonado e enterrado na praia de Cacilhas e, talvez para que não restassem dúvidas que o tirano estava morto, lhe deixaram um braço de fora”.

Cantou-se até altas horas:

 

“Já morreu Teles Jordão:
Nas profundas do Inferno.
Os diabos lá disseram
Temos carne para o Inverno!”

 

Na outra margem, à distância, por certo, os presos em S. Julião da Barra cantariam também se soubesse estar livres do seu carrasco.

 

À margem

“Reis e Teles Jordão compunham um todo indivisível, que estava presente e obrava ao mesmo tempo por cima dos presos e por entre eles. Teles Jordão pela pessoa de Reis tinha o seu braço direito nas entranhas da terra a atormentar-nos, como D. Miguel residia na Torre pela pessoa de Teles Jordão”. O relato pungente fala de João dos Reis Leitão, personagem obscura com longo historial dos mais horrendos crimes. Conhecido por desacatos e atrocidades nos anteriores presídios onde esteve – Limoeiro e Castelo, de onde fugiu – foi transferido para a torre de Teles Jordão como último recurso. A notícia espalhou o terror entre os “residentes”, mas o governador alegrou-se, “porque lhe entregavam não uma vítima nova, mas um novo e seguro instrumento para martirizar”. “Principiaram com efeito a servir-se dele, mandando-o, ora para um, ora para outro cárcere dos em que havia presos ainda não totalmente quebrados ou contra quem se tinha algum particular motivo de animadversão ou de antipatia”. Pode apenas imaginar-se o que sofreram os infelizes que tiveram por companhia forçada este “sevandija venenoso”, que desprezava a dignidade e a vida humanas. Mas, o destino é irónico: tendo disseminado horror ao longo da sua existência, teve uma morte lenta e dolorosa, corroído pela doença. Foram as suas vítimas quem lhe fechou os olhos e o envolveram num lençol “para se ir à terra”.

Mas isso é outra história… 

 

 

Fontes

Istória do cativeiro dos presos de Estado na Torre de S. Julião da Barra de Lisboa durante a dezastroza época da usurpação do legítimo governo constitucional deste reino de Portugal, por João Baptista da Silva Lopes, um dos mártires da referida torre – Lisboa – Imprensa Nacional – 1833 - Harvard College Library; disponível em:

https://books.google.pt/books?id=bh0oAAAAYAAJ&pg=PA146&lpg=PA146&dq=%22Jo%C3%A3o+dos+reis+leit%C3%A3o%22&source=bl&ots=GEkMV-gqN-&sig=d1WiqmY5jtMnP0uQydHuSD9C_ng&hl=pt-PT&sa=X&ved=0ahUKEwjIt5mnjuXbAhXHaxQKHQ1bA_AQ6AEITjAK#v=onepage&q=%22Jo%C3%A3o%20dos%20reis%20leit%C3%A3o%22&f=false

 

À chegada da Senhora D. Maria II, Rainha constitucional dos Portuguezes à sua capital de Lisboa em 23 de setembro de 1833 – ODE – Lisboa: na Typographia de Fillipe Nery – Harvard College Library – the gift of Archibald Cary Coolidge, Ph.D. – class of 1887 – Russian Collection of 1922, disponível em:

https://books.google.pt/books?id=3e0vAAAAYAAJ&pg=PA53&lpg=PA53&dq=%22rom%C3%A3o+jos%C3%A9+soares%22&source=bl&ots=trZJRIf5mz&sig=1v72R3UGKkQe_xA2OdzufqMYZWk&hl=pt-PT&sa=X&ved=0ahUKEwj_v6up8u7bAhUGxxQKHRmmCh44ChDoAQhDMAg#v=onepage&q=%22rom%C3%A3o%20jos%C3%A9%20soares%22&f=false

 

As 25 prisões de Adriano Ernesto de Castilho Barreto, Cavaleiro das Ordens de Christo e da Conceição, Ajudante do Procurador Régio da Relação de Lisboa, Membro do real Conservatório, etc, etc… -Lisboa – Typografia Lusitana – 1845 – The Lybrary University of Califórnia – Los Angeles, disponível em:

https://books.google.pt/books?id=2Hs-AQAAMAAJ&pg=PA92&lpg=PA92&dq=%22Telles+jord%C3%A3o%22&source=bl&ots=CJER5FE1LW&sig=fFg0YZ8-s7PNZNYIjctYrJ9D5XA&hl=pt-PT&sa=X&ved=0ahUKEwjK_fPowOTbAhXDWxQKHXb6BuEQ6AEIUjAM#v=onepage&q=%22Telles%20jord%C3%A3o%22&f=false

 

Arquivo Direção Regional de Cultura dos Açores

http://www.arquivos.azores.gov.pt/details?id=1166367&ht=torres

"Recorte de imprensa do artigo ""O Telles Jordão"", redigido por Zeferino Brandão

PT/BPARPD/PSS/TB/014/023

 

Hemeroteca Digital de Lisboa

http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/index.htm

A Illustração Portugueza – Semanário – Revista Litterária e Artística – Thypographia do Diário Illustrado

Textos de Pinheiro Chagas

2º ano; nº 35 – 15 mar. 1886

2º ano; nº 37 – 29 mar. 1886

2º ano; nº 37 – 29 mar. 1886

 

Diário das Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa – nº141 - Imprensa Nacional – 1821; disponível em:

https://books.google.pt/books?id=YWdFAAAAcAAJ&pg=PA1747&lpg=PA1747&dq=%22Telles+jord%C3%A3o%22&source=bl&ots=CQvwJ-4t5N&sig=_rcUyoC0nAub1L3owwVt-8XE9xQ&hl=pt-PT&sa=X&ved=0ahUKEwjK_fPowOTbAhXDWxQKHXb6BuEQ6AEITTAK#v=onepage&q=%22Telles%20jord%C3%A3o%22&f=false

 

Diário das Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa – Segundo anno da Legislatura – Tomo sexto – Lisboa – Imprensa Nacional – 1822; disponível em:

https://books.google.pt/books?id=vcdOAAAAYAAJ&pg=PA472&lpg=PA472&dq=%22Telles+jord%C3%A3o%22&source=bl&ots=-GJs806-wk&sig=vZHMBM9yBFW0C5FDiCZkan4l-54&hl=pt-PT&sa=X&ved=0ahUKEwjK_fPowOTbAhXDWxQKHXb6BuEQ6AEIRTAI#v=onepage&q=%22Telles%20jord%C3%A3o%22&f=false

 

Gazeta de Lisboa – 1833 – parte I edições 1-172 – Na Regia Typografia Silviana - Harvard College Library , disponível em:

https://books.google.pt/books?id=ag8wAAAAYAAJ&pg=PA150&lpg=PA150&dq=%22Telles+jord%C3%A3o%22&source=bl&ots=fVy1fNb4pC&sig=vGlrl_QkzpSaoX9C6_89DKfjqwA&hl=pt-PT&sa=X&ved=0ahUKEwjK_fPowOTbAhXDWxQKHXb6BuEQ6AEIUDAL#v=onepage&q=%22Telles%20jord%C3%A3o%22&f=false

 

Miguel, suas aventuras escandalosas, seus crimes, e sua usurpação, por um português de distinção, traduzido do francês, II edição, Rio de Janeiro, em casa de Eduardo Laemmert, 1833 – Officina Thypografica de Gueffier e Cª; disponível em:

https://books.google.pt/books?id=dPtSAAAAcAAJ&pg=PA9&lpg=PA9&dq=%22Telles+jord%C3%A3o%22+%22S%C3%A3o+juli%C3%A3o%22&source=bl&ots=RmtvoW8nBh&sig=qZV99gpFDadOqkyPt4G-WTX27Io&hl=pt-PT&sa=X&ved=0ahUKEwjl6Inw6eTbAhWM8RQKHVeQAzQQ6AEIKDAA#v=onepage&q=%22Telles%20jord%C3%A3o%22%20%22S%C3%A3o%20juli%C3%A3o%22&f=false

 

 

Pedreira – Poema heroico da liberdade portugueza por José Martins Rua – Porto, Thipographia Commercial Portuense – 1843; disponível em:

https://books.google.pt/books?id=CapbAAAAcAAJ&pg=PA175&lpg=PA175&dq=%22Telles+jord%C3%A3o%22+%22S%C3%A3o+juli%C3%A3o%22&source=bl&ots=yEXTTKzsqS&sig=Sh7eD4QxsJHkwiDcMJXUWWwlcDg&hl=pt-PT&sa=X&ved=0ahUKEwjl6Inw6eTbAhWM8RQKHVeQAzQQ6AEIKzAB#v=onepage&q=%22Telles%20jord%C3%A3o%22%20%22S%C3%A3o%20juli%C3%A3o%22&f=false

 

Lista de 618 Presos de Estado Na Torre de S. Julião Da Barra 1828-1833, disponível em:

https://conversamos.wordpress.com/2015/08/25/farois-alumiar-os-acessos-a-lisboa-s-juliao-da-barra/

 

https://almada-virtual-museum.blogspot.com/2015/07/os-dias-23-e-24-de-julho-de-1833-parte.html

https://almada-virtual-museum.blogspot.com/2014/05/batalha-da-cova-da-piedade-23-de-julho.html

https://almada-virtual-museum.blogspot.com/2014/10/derrota-dos-miguelistas-em-cacilhas.html citando Gazeta de Lisboa, 6 de agosto de 1833, a mesma versão dos acontecimentos é descrita em Napier, Admiral Charles,An account of the war in Portugal between Don Pedro and Don Miguel, London, T. & W. Boone, 1836

https://pt.scribd.com/document/274102928/Lista-de-618-Presos-de-Estado-Na-Torre-de-S-Juliao-Da-Barra-1828-1833

 

 

 

 

(6) Pela imprensa: conhece a fada dos beijos?

Capturarbenamor.JPG

 

 

Será esta estranha mulher, com rosto longo e olhos semicerrados, a fada dos beijos?

Será o pequeno tubo que tem em mãos que, como se de um feitiço se tratasse, faz ser alvo de cobiça dos beijoqueiros aqueles que utilizarem o produto que contém?

Ou, mais difícil ainda, fará qualquer um ser “beijável” até mesmos aos olhos dos mais esquivos dessas atividades osculares?

Assim, de repente, são estas as principais dúvidas que me assaltam ao observar este belo anúncio da marca portuguesa Benamôr.

Mas, depois percebemos que este semblante imperturbável e a frase no topo é um chamariz, um teaser, como hoje se designaria. E funciona!

Faz-nos parar, encantados, embora a pureza gráfica não oculte que esta face tem uma beleza questionável se atentarmos aos cânones, pois as feições não são irrepreensíveis ou sequer proporcionadas. Não são celestiais nem, pelo contrário, provocantes. Não são também, certamente, vulgares. Esse é, talvez, o seu maior trunfo: o inusitado.

Depois, vem a mensagem que se quer passar: aquele “encantador produto” promete a “saúde e o perfume da boca”, tal como uma “fada dos beijos” concederia. Trata-se da pasta dentífrica Benamor, que ainda oferece uma amostra gratuita do elixir da mesma marca e está à venda em todo o País.

Não seria maravilhoso que o toque fantástico da fada dos beijos estivesse à disposição em toda a parte…e por apenas 3$00?

 

De certa forma, a Benamôr tem essa magia que apregoa, já que é um verdadeiro êxito, diversas vezes apelidada de “Nivea” portuguesa.

Foi fundada em 1925, por um farmacêutico que usava produtos naturais para criar pomadas “milagrosas”, no seu laboratório, no Campo Pequeno, em Lisboa.

Entre os primeiros produtos com maior sucesso, realce para “o famoso creme de rosto Benamôr, inalterado até hoje; o Petroleo (1º tratamento de cabelo antiqueda), o protetor solar Bronzaline, os batons e pó-de-arroz e as luxuosas águas de colónia Oregan & Chypre”.

Ao que consta, entre as apreciadoras da marca esteve a última rainha de Portugal. D. Amélia de Orleães terá sido fiel à Benamor até ao resto da vida.*

As linhas Art Déco que cativaram a clientela desde o início são ainda um trunfo, nesta época revivalista em que vivemos.

……..

* A marca não explica, mas como D. Amélia se encontrava no exílio desde 1910, presume-se que a Benamôr fizesse chegar os produtos de eleição a Château de Bellevue, perto de Versalhes, onde viveu até 1951.

 

Fontes:

Hemeroteca Digital de Lisboa

http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/

Ilustração

5º ano – 16 fev. 1930

 

http://benamor1925.com/historia/?lang=pt-pt

https://pt.wikipedia.org/wiki/Amélia_de_Orleães

 

Primeira montada do “Califa” era um burro dado a coices

Capturar.GIF

 

Nascer numa família de ricos aficionados terá contribuído muito para o sucesso de João Branco Núncio, mas a dificuldade dos seus primeiros cavalos foi determinante para a categoria ímpar que o cavaleiro atingiu.

 

João Branco Núncio teve, ao longo da sua extensa e bem-sucedida carreira, muitos animais de grande beleza e inteligência. As suas primeiras montadas terão sido bem menos nobres, mas foram decisivas para o seu futuro triunfo como equitador, já que a pouca aptidão que demonstravam para o toureio obrigou, desde criança, a um empenho acrescido daquele que viria a revolucionar o toureio a cavalo em Portugal.

O pequeno João Núncio, com sete ou oito anos, tinha ficado incumbido de, diariamente, recolher o burro de serviço à nora da horta. Foi nessa tarefa, não podendo contar com a colaboração do animal, que era teimoso, muito dado a coices e cangochas*, que primeiro tentou domesticar um equídeo. Foi também com o mesmo jumento que fez a lide de estreia, na herdade da Gaxa - entre Alcácer do Sal e Santa Susana - obrigando uma vitela a investir, perante os aplausos dos empregados da quinta.

Capturar2.GIF

 

Em pouco tempo, a antiga e turbulenta montada foi substituída por um cavalo a sério e, “não se fazia agarra ano nenhum que não houvesse, no final, a corrida de duas ou três bezerras” pelo menino João. De tal forma que, com apenas 13 anos, lá se mostrou como amador na corrida de S. João, em Évora. Lidou dois touros com o cavalo Teodoro, que originalmente tinha um anormal pavor das investidas.

Idêntico medo tinha a montada seguinte, o “Garoto”, extremamente nervoso e com terror do touro.

Todos os entendidos tentaram demover o toureiro de insistir no seu ensino, tal a dificuldade da missão.

Ora, foi logo aqui que o jovem Núncio mostrou um entendimento diferente: com inabalável paciência, total firmeza, persistência e abnegação, o toureiro transformou o “Garoto” no seu par ideal e autêntica estrela da arena. Tristemente, o animal viria a morrer em 1923, poucos dias antes de João Núncio obter a alternativa, no Campo Pequeno.

Foi também a partir deste ponto que o “califa de Alcácer”, como lhe viriam a chamar, provocou “um verdadeiro escândalo” nas arenas portuguesas, até então, “pacatas e banais”. Tinha-se acabado a forma tradicional e previsível de tourear.

É que o toureio de João Núncio, “não respeita os cânones” nem o que era a “normal” lide equestre. O simples, o óbvio, a força bruta, nada disso era para João Núncio. A sua figura, de aparência quase frágil, tinha total domínio do cavalo e da situação.

Nele tudo era diferente. Tudo era agilidade, subtileza, suavidade, ligeireza. Porém com muita raça e um dramatismo capazes de provocar no público uma inigualável emoção, pelo enorme perigo persentido. Toureava a cavalo como se este se convertesse nas suas pernas. Com beleza e arte, parecendo dançar e expondo-se ao máximo na cara do touro: toureiro e equitador feitos um só.

Tanto submetia os cavalos à sua vontade, como conseguia lidar com igual desenvoltura os touros bravos e os mansos, estes bem mais complexos, porque é preciso arriscar muito – e bem – para os fazer investir.

Para muitos, João Branco Núncio, nascido em Alcácer do Sal a 15 de fevereiro de 1901, foi o maior cavaleiro tauromáquico que Portugal já viu.

Mas, não se pense que os astros se alinharam para que assim fosse.

É certo que pertencia a uma família de ricos aficionados, criadores de cavalos e touros…Mas, teria sido tão excecional se não se tivesse dedicado, inteiramente e desde tão novo, a esta sua paixão? Teria sido tão extraordinário se não tivesse que lutar tanto para obter das suas primeiras montadas a “alma” que não mostravam ter?

Mestre-Nuncio.jpg

 

À margem

Em finais do século XIX e início do século seguinte, a família de João Branco Núncio era das mais importantes e influentes da região, sendo também reconhecida pela sua afición e ligação efetiva à festa brava. O avô paterno, Joaquim Mendes Núncio, já criava touros de lide, tradição que perdurou pelas gerações seguintes. O avô materno, João Alves de Sá Branco - já falei do seu assassinato aqui - foi administrador do concelho de Alcácer do Sal, era tido como grande entendido em tauromaquia e movia-se nas mais altas esferas do País. Tão ilustre família, para mais detentora de riqueza e vastidão de terras, mas inserida num meio desfavorecido e pobre, acabaria por suscitar hostilidade nos tempos quentes dos pós 25 de abril. A casa de João Branco Núncio foi ocupada e os seus bens confiscados. A 26 de janeiro de 1976, o coração traiu-o enquanto montava a cavalo.

Morreu quando treinava um regresso às arenas, anunciado pela necessidade de providenciar o seu próprio sustento.

Mas isso é outra história…

…………..

*Salto para o ar dado pelo cavalo, normalmente com intenção de se livrar do cavaleiro, no qual o cavalo arqueia o dorso e se recebe com as mãos hirtas e a cabeça muito baixa.

 

 

Fontes

Arquivo Histórico Municipal de Alcácer do Sal

PT/AHMALCS/CMALCS/BFS/02/05/001

Amarel…y Branco; João Núncio (O Bandarilheiro equestre), Lisboa 1930

 

Glossário de equitação

https://moodle.fct.unl.pt/mod/glossary/view.php?id=60399&mode=letter&hook=C&sortkey=&sortorder=

 

https://correiodoribatejo.com/evora-homenageou-mestre-joao-branco-nuncio/#.Ws9zMcuWwbo