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O sal da história

Crónicas da história. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos.

O sal da história

Crónicas da história. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos.

Pela imprensa (21): de olhos bem abertos e pela direita

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Nunca às cegas! Não porque fosse preciso ver com atenção onde, eventualmente, havia gasolina mais barata – uma preocupação constante nos atuais tempos de carestia - mas sim porque, garante a marca, naquela época, só a Auto-Gazo inspirava confiança e devia ser escolhida com os olhos bem abertos. O anúncio é de 1927, os automóveis ainda eram bens de luxo e era preciso escolher o combustível de forma ponderada e informada.

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“Um bom automóvel merece uma gasolina de qualidade superior e um carro usado exige-a”, afiança a Auto-Gazo, acrescentando que cada gota deste precioso líquido representava “mais força no motor e mais entusiasmo pelo automobilismo”.

Assim, de chofre, Auto-Gazo não nos diz nada, parece uma marca desconhecida, mas isso é apenas uma ilusão.

Efetivamente, esta gasolina era vendida pela Vacuum Oil Company, empresa norte-americana fundada em 1866, cuja sede em Portugal era na rua da Horta Seca, em Lisboa.

Depois de fusões e outras operações, foi adquirida pela Standard Oil Company, que está na origem da popular Mobil, hoje Exxon Mobil.

No nosso País, a Vacuum Oil Company que, como o nome indica, também comercializava óleo para motor, destacou-se pelos mapas de estradas que lançou, pomposamente intitulados “carta itinerária”, pelo apoio a provas automobilísticas e pelos sinais de trânsito que distribuiu, por sua conta, pelas estradas portuguesas, obviamente, publicitando a marca.

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Em 1928, quando em Portugal se começou a conduzir pela direita, a Vacuum Oil Company participou ativamente na campanha nacional para inculcar no espírito dos hesitantes automobilistas esta nova e estranha regra do código de estrada.

Depois da oposição e dúvidas iniciais, como sempre acontece por aqui, os portugueses acataram rápida e facilmente este hábito, seguindo, aliás, a tendência da maior parte dos países europeus e das suas colónias. No nosso “Império” de então, apenas os territórios confinantes com nações onde se conduzia à esquerda, como Macau, Goa e Moçambique, continuaram, “à moda inglesa”, a conduzir à esquerda.

 

Fontes

Hemeroteca Digital de Lisboa

Hemeroteca Digital (cm-lisboa.pt)

Illustração Portugueza

2º ano, nº33 – 1 mai. 1927

 

https://en.wikipedia.org/wiki/Vacuum_Oil_Company

 

Revista ACP

11 dez. 2017

Há 89 anos que em Portugal se conduz à direita | ACP

 

https://restosdecoleccao.blogspot.com/2009/08/garage-herculano.html

https://restosdecoleccao.blogspot.com/2014/06/mobil-oil-portuguesa.html

A história do preço do petróleo: bem-vindos à montanha russa | Esquerda

Imagens

Illustração Portugueza

Revista ACP

 

Instantâneos (92): há mar e mar, há medir e registar

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É português o mais antigo aparelho de medir marés ainda em funcionamento em todo o mundo. O Marégrafo de Cascais foi instalado em 1882 e, desde aí, recolhe informação que contribuí para atividades tão diversas como a previsão das ondas para os amantes de surf, a navegação, a medição da altitude das montanhas ou o mapeamento dos fundos marítimos.

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O discreto aparelho está protegido por uma pequena construção circular semelhante a uma guarita, edificada junto à Cidadela. Esta esconde o sistema de medição, constituído por uma bóia ligada a um registo, neste caso, um cilindro que roda ao ritmo marcado por um relógio. A bóia encontra-se isolada da ondulação marítima, dos movimentos das correntes e do vento, no interior de um poço, onde flutua em contacto com a água do mar, subindo e descendo de acordo com a entrada e saída desta. O mecanismo, criado pelo físico francês Amédée Philippe Borrel, contínua extremamente fiável, servindo até para calibrar equipamentos mais modernos.

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Foi com este marégrafo, ligado ao laboratório oceanográfico do rei D. Carlos, que se marcou o zero altimétrico (nível do mar), que é a referência em Portugal para a medição das elevações terrestres e subaquáticas, bem como da verificação dos movimentos verticais da crosta terrestre, servindo igualmente de bitola para se perceber a tendência consistente de subida gradual do nível da água do mar – 15 a 20 centímetros no último século - que ameaça as regiões litorais.

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A preia-mar e a baixa-mar (duas ocorrências por dia), são medidas ininterruptamente, permitindo criar, ao longo dos últimos 140 anos* e para o futuro, um padrão de comportamento do mar, mas também todas as alterações relevantes, como um tsunami ocorrido do outro lado do globo, cujos efeitos no nosso território são imperceptíveis a olho nu.

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Apesar de continuar a ser um modelo para toda a costa portuguesa, o histórico Marégrafo de Cascais é hoje coadjuvado por dois novos sistemas digitais acústicos, que somam a aferição de dados como a temperatura do ar e da água. São 25 os marégrafos a funcionar em Portugal continental, 17 dos quais em terra.

A Câmara Municipal de Cascais realiza, por marcação, visitas guiadas ao espaço, classificado como imóvel de interesse público desde 1997 e que foi um dos primeiros observatórios europeus dedicado ao estudo das correntes e das marés. No final, pode sempre dar um mergulho na bela baía, algo que, tal como o marégrafo, contínua muito em voga há mais de um século.

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*A única interrupção no registo ocorreu entre 1885 e 1900, altura em que o marégrafo se mudou, uma vez que primeiro esteve instalado cerca de 30 metros a Este do local onde se situa actualmente.

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Fontes

Câmara Municipal de Cascais

https://www.cascais.pt/noticia/maregrafo-de-cascais-medir-mares-desde-1882

 

Direção-Geral do Património Cultural

Texto de Teresa Vale e Carlos Gomes

http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74735

 

Instituto Camões

Texto de Nuno Crato

http://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/e58.html

 

https://www.hidrografico.pt/

 

Imagens

Arquivo Municipal de Cascais

https://arquivodigital.cascais.pt/xarqweb/Search.aspx

 

Passeios príncipe real d luis e d maria pia

PT/CMCSC-AHMCSC/AFTG/CAM/A/00502

 

Em dia de tempestade

PT/CMCSC-AHMCSC/AFTG/CAM/A/00292

 

Em dia de regata

PT/CMCSC-AHMCSC/AFTG/CAM/A/00920

 

Maregrafo 2

PT/CMCSC-AHMCSC/AESP/CMBP/034

 

Grupo de senhoras e crianças

PT/CMCSC-AHMCSC/AFTG/CAM/A/01304

 

http://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/e58.html