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O sal da história

Crónicas da história. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos.

O sal da história

Crónicas da história. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos.

Lido em parte incerta (2)

Amanuense

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Diz-se de escriturário de repartição ou repartição pública, funcionário administrativo.

Diz-se dos antigos escreventes e copistas.

Associado a outra expressão datada: manga de alpaca.

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Porque em inícios do século XX, estes funcionários usavam meias-mangas postiças, para proteger as mangas dos casacos de eventuais manchas de tinta, já que o trabalho era desempenhado com caneta de tinta permanente, que não secava imediatamente. Eram vulgarmente produzidas em fibra de alpaca.

 

 Lido por aqui e por ali

“Propõe-me o Chefe destes serviços que ao pessoal seja aumentado um amanuense, pois o movimento da sub-intendência vai num rápido crescimento e é de prever que para o futuro seja ainda maior…”. Um “…amanuense, auxiliando o Delegado Marítimo na escrituração e que ao pessoal operário se acrescentasse um serralheiro, para que as oficinas ficassem melhor habilitadas a realizar os trabalhos, que lhes são entregues…”

In Relatório do Governador da Província de Inhambane, Moçambique, 1920

 

Fontes

Empregado, escrevente de repartição pública. = COPISTA

"amanuense", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2024, https://dicionario.priberam.org/amanuense.

 

Escriturário ou escriturária de secretaria pública

Escrevente; copista

Do latim amanuense-, «secretário»

Porto Editora – amanuense no Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora. Disponível em https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/amanuense

https://pt.wikipedia.org/wiki/Mangas_de_alpaca

Imagens

Arquivo Municipal do Porto, Foto Guedes, F-NV/FG-M/9/714

Arquivo Municipal de Lisboa, Alberto Carlos Lima, PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/LIM/002832

Crónica policial (5) - O marinheiro falsificador, que afinal era um anjinho

Lisboa, outubro de 1924 a abril de 1925

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Um insuspeito quarto no número 7 da rua da Rosa, em Lisboa, escondia uma verdadeira fábrica onde eram geradas notas falsas de 20 centavos, que depois eram postas em circulação por uma rede de passadores. Curiosamente, tanto o senhorio como os outros inquilinos do prédio, não suspeitavam do que quer que fosse, nem sequer manifestaram ter ouvido em qualquer momento o som cadenciado que a impressora Minerva Rápida, apreendida no local, certamente produzia enquanto laborava, noite fora. Distraídos, não estranharam igualmente o corrupio de gente que ali circulava, recolhendo dinheiro forjado que depois era dispersado pela cidade e arredores.

As autoridades encontraram 125 escudos em valores contrafeitos e a polícia de investigação decretou que aquele era o equipamento mais completo que ultimamente se havia descoberto em Lisboa, “com mecanismos afeiçoados”, que rivalizavam com a própria Casa da Moeda e Papel Selado.

O imóvel pertencia a Celso Pinto Marques e o quarto estava arrendado ao marinheiro José Ribeiro Barbosa, ambos detidos como principais suspeitos. Ouvidos foram os restantes moradores, bem como o responsável pela empresa que vendeu a máquina impressora.

O senhorio, que os jornais apresentaram como tendo cinco prisões no seu currículo, seria libertado. Segundo afirmou, contra si nada se tinha provado, pois ignorava qualquer atividade ilegal. Acrescentou, em sua defesa, que os antigos conflitos com a justiça haviam ocorrido quando ainda era menor e não tinha consciência da gravidade dos seus atos.

Este caso, no entanto, foi uma gota no oceano da falsificação de notas que por aqueles anos se verificava e que, em conjunto com a emissão de dinheiro de emergência a que o nosso Estado recorria para suprir necessidades inadiáveis, muito contribuía para a situação de desvalorização e desacreditação do escudo português.

troca de cedulas de 20.png

Os jornais davam conta de diversas detenções de passadores e apreensão de notas em vários pontos do País.

Tanto assim foi que o governo decidiu retirar de circulação as polémicas cédulas de 20 centavos, dado o “estado de inquietação dos espíritos” que esta sucessão de acontecimentos provocou e prevenindo “conflitos sérios e perturbações da ordem pública”.

A decisão foi publicada a 8 de abril e pretendia pôr termo a este clima de incerteza quanto à legitimidade do dinheiro.

Determinava-se a entrega de papel-moeda de 10 e 5 centavos consoante as notas “boas” de 20 que fossem recolhidas - na imagem, um grupo de pessoas apresenta-se para fazer essa troca, pouco criteriosa, nas palavras de alguma imprensa.

Ninguém sabia que o pior ainda estava para vir. As quantias até ali apreendidas eram paupérrimas quando comparadas com o enorme escândalo que rebentaria pouco depois, com a emissão de centenas de milhar de notas falsas com a efigie de Vasco da Gama e o valor facial de 500 escudos, fabricadas em Londres numa centenária casa emissora, que fornecia o próprio Banco de Portugal.

Os falsificadores antes falados eram, por assim dizer, uns anjinhos, comparados com esse senhor bem posto, de sua graça Artur Virgílio Alves dos Reis, que, naquele preciso ano de 1925, lançaria o que ficou conhecido como o golpe do século, que lhe daria o título de “maior burlão” nascido no nosso País.

 

Fontes

Hemeroteca Digital de Lisboa

A Capital

07.10.1924, 08.10.1924, 14.10.1924, 15.10.1924, 28.10.1924.

 

Diário de Lisboa

03.04.1925, 04.04.1925

 

Diário da República, 08.04.1925

 

Boletim Notas Moedas, 10.2010

 

Texto de Márcio R. Sandoval 

https://sterlingnumismatic.blogspot.com/2013/07/waterlow-sons-impressores-de-papel.html

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Artur_Alves_dos_Reis

https://www.infopedia.pt/artigos/$alves-dos-reis

 

Imagens

Domingo Ilustrado

12.04.1925

 

Arquivo Nacional da Torre do Tombo

Empresa Pública Jornal O Século, PT/TT/EPJS/SF/006/09521

Instantâneos (118): a única corista inesquecível do Teatro S. Carlos

 

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De prima-donas reza a história. As coristas não ficam na memória. São parte essencial do espetáculo, mas não é suposto que se distingam de qualquer forma. Anna Todo foi das poucas que se notabilizou e, embora não tenha sido pelas razões mais lisonjeiras, isso tornou possível encontrar referências à sua existência para que a possamos resgatar do esquecimento. Durante anos foi a “corista gorda” do maior teatro lírico do País.

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Sim, corista gorda. Era assim que era conhecida esta artista. Foi a sua obesidade – mais do que as capacidades vocais que inegavelmente também teria – que a tornavam querida do púbico.

Pelo que se lê, tirava partido da sua condição e tornou-se um elemento cómico muito apreciado pelo público do Real Teatro de São Carlos, chegando a ser caricaturada numerosas vezes por Rafael Bordallo Pinheiro. Hoje seria acusado de body shaming*…

Um bom exemplo da aparente invisibilidade dos coristas é a obra de fôlego de Francisco da Fonseca Benevides sobre a história do Real Teatro de São Carlos, desde a sua fundação, em 1793, até 1902. Nos dois volumes, com um total de 706 páginas, há incontáveis pormenores sobre espetáculos, cantores, convidados e até público, mas registam-se apenas quatro referências a coristas, três dos quais homens. A única mulher de coro mencionada, Rosina Stoltz, é francesa e merece referência do autor porque se tornaria primeira-dama.

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Anna ou Annita Todo (como também era conhecida), provavelmente de ascendência espanhola ou italiana, impôs-se no São Carlos como poucas. Os corpos de baile passavam, as vedetas iam e vinham, gerações de coristas sucederam-se e ela permaneceu, provavelmente…por ser gorda.

Isso talvez despertasse na assistência e nas consecutivas administrações teatrais algum tipo de contentamento, simpatia ou compaixão. É difícil saber.

A obesidade, que a tornou famosa, seria depois o que a condenaria, devido aos problemas de saúde associados, que a levaram a abandonar o palco.

Mas, seria a sua condição de gorda, igualmente, que a salvaria de morrer à fome, numa época em que não existia qualquer tipo de assistência social por parte do Estado e das entidades patronais.

Em 1889, Anna Todo adoeceu e o pai, Ignácio Todo, que também havia sido corista do São Carlos, estava igualmente enfermo.  

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Isto coincidiu com a morte do então empresário, António de Campos Valdez e do rei de Portugal, D. Luís. Na abertura dessa época lírica, em outubro, a sua ausência é notada, a par das restantes duas mencionadas, contribuindo para o ambiente soturno que então se viveu.

A sua doença e a situação em que tal a deixou comoveu o País.

A rainha Dona Amélia visitou-a na sua modesta casa** e entregou-lhe uma “valiosa esmola”, prometendo continuar a socorre-la mensalmente.

Vários jornais, entre os quais o Correio da Manhã, A Tarde e o Diário Illustrado, abriram subscrições para angariar dinheiro para a sua sobrevivência.

O mesmo fez o Grémio Literário e um conjunto de pessoas com camarote no teatro onde atuava.

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Curiosamente, entre os principais contribuidores para a sua sobrevivência, esteve o mesmo Fonseca Benevides e a sua mulher, mas vieram donativos de Norte a Sul de Portugal e, embora, com o passar dos anos, a subscrição se arrastasse, por vezes durante dias e dias, sem que fosse acrescentado um cêntimo, Anna Todo beneficiou da caridade alheia pelo menos até 1894, com o Correio da Manhã, então dirigido por Manuel Pinheiro Chagas, a fazer apelos diários de ajuda.

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Com o fim das alusões nos jornais, o próprio Pinheiro Chagas morre no ano seguinte, perde-se também o rasto à célebre corista.

…….

*É uma expressão muito em voga que se refere a uma “ forma de agressão que envolve criticar ou humilhar alguém através de comentários negativos e depreciativos acerca do corpo ou aparência física”. É, claro, censurável.

** São mencionadas três moradas de Anna Todo, todas em Lisboa: rua do Diário de Notícias, 86 e 89, 2º, e rua dos Fanqueiros, 122, 4º esq. 

.....................

Agradeço a Maria Antónia Lázaro ter descoberto o verdadeiro nome da “corista gorda”, que depois permitiu esta pesquisa.

…………………

Fontes

Correio da Manhã

11.11.1890, 20.11.1890, 25.11.1890, 27.11.1890, 29.11.1890, 24.01.1891, 21.11.1891, 30.12.1891, 28.05.1894,

Diário Illustrado

21.03.1890, 12.05.1890, 29.11.1890

 

Pontos nos IIs

05.11.1885, 05.11.1887, 22.12.1887, 12.01.1888, 26.04.1888, 05.11.1888, 26.04.1888, 12.12.1889

O Regenerador

19.06.1887

Jornal Público

15.04.2011

 

Maria Virgílio Cambraia Lopes, As Mulheres no Teatro-Flagrantes Satíricos, in Sinais de Cena, 2014.

 

Descrição de vários documentos no Museu Bordalo Pinheiro:

MRBP.GRA.2422, MRBP.GRA.0643

 

Body shaming | Ordem dos Psicólogos (ordemdospsicologos.pt)

TREMIFUSA - Definition and synonyms of tremifusa in the Portuguese dictionary (educalingo.com), citando a Illustração Portuguesa, s/d.

Top dez caritinas da Eurovisão - Quem sofre em casa (sufridoresencasa.com)

 

Imagens

Pontos nos II

05.11.1887, 26.04.1888, 05.11.1885

 

O António Maria

06.03.1884

A tragédia camiliana de Francisca e José Augusto

A tragédia camiliano de Fanny e José Augusto (1)

Um triângulo amoroso. O rapto escandaloso de uma jovem, equívocos fatais, ciúmes avassaladores, um casamento não consumado e duas mortes trágicas. Um coração conservado em formol e um corpo desaparecido. Estão reunidos os ingredientes para um romance de Camilo Castelo Branco, em que a realidade é ainda mais intrigante do que a ficção.

 

fanny owen 2.png

Há 170 anos, na região do Porto, nascia uma das histórias de amor mais rocambolescas e funestas que este país já conheceu. O que poderia ter sido apenas mais um casamento burguês falhado, transformou-se num enredo pleno de mistério e pormenores escabrosos, que apaixonou gerações, alimentou escritores e cineastas. O trio amoroso composto por Francisca Owen (na imagem), Camilo Castelo Branco e José Augusto Pinto de Magalhães ainda hoje tem contornos por decifrar e segredos que, provavelmente, nunca serão revelados.

casa de fanny owen_vila alice_ em vilar do paraiso

Entre o verão de 1849 e setembro de 1854, desenrolou-se esta trama onde é difícil perceber o que aconteceu de facto e o que apenas resultou da imaginação e da manipulação dos intervenientes.

Camilo e o fidalgote de província José Augusto conheceram Maria e Francisca Owen quando se deslocaram à romaria ao Senhor da Pedra, em Miramar.

De passagem por Vilar do Paraíso, vislumbraram as belas irmãs que exerceram um fascínio imediato sobre os dois homens (na imagem, Vila Alice, a casa onde viviam).

Camilo_castelo_branco.jpg

Não nos podemos esquecer que estávamos em pleno romantismo. Era um tempo de arrebatamentos, de amores impossíveis. Quanto mais proibidos e difíceis, mais se saciavam as almas torturadas e os corações de sensibilidades exacerbadas. A vida, para pulsar nas veias, deveria copiar os grandes romances escritos, trágicos e inesquecíveis. Sempre com os mais fatídicos resultados para os envolvidos.

Este era o sentir destes jovens cavalheiros – Camilo (na imagem), de resto, teria uma existência repleta de paixões tremendas, que soberbamente lhe inspiraram a escrita. José Augusto (na imagem seguinte), por seu turno, ansiava por entusiasmos de semelhante impacto, mascarando o tédio da sua vida vazia e o pouco talento da sua pena.

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Maria era mais bela, sensual e terrena. José Augusto começou por se encantar com ela. Francisca (Fanny) era reservada, melancolicamente intrigante, etérea. Agradou sobremaneira a Camilo.

Os amigos de ocasião tornaram-se visita da casa, mas as dinâmicas rapidamente se alteraram. Maria passou a carta fora do baralho, enquanto Camilo e José Augusto ficaram cativos da atenção de Fanny, cujas preferências são difíceis de perceber.

Certo é que, bem ao gosto de época, José Augusto rejeita Maria, de quem já estava praticamente noivo, e rapta a irmã, numa atribulada noite de julho de 1853.

Este era um expediente então muito usado para obviar aos amores contrariados, mas constituía uma mácula irreparável para a mulher, enlameando a honra da família e manchando de escândalo a sua reputação.

Parte da tragédia poderia remediar-se com um casamento, o que aconteceu, por procuração, a 5 de setembro de 1853, embora os Owen nunca tivessem aceitado o enlace.

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A vivência do novo casal, na Quinta do Lodeiro (na imagem), em Santa Cruz do Douro (Baião), morada de família do noivo, é um enigma, mas parece claro que eram absolutamente infelizes.

É que, um conjunto de cartas chegado ao conhecimento de José Augusto, planta na sua mente dúvidas sobre a honestidade da mulher.

A partir daqui ambos mergulham numa existência tortuosa e amargurada. Ele, possuído de ciúmes insanos e avassaladores. Ela mortificada pela indiferença dele, provavelmente desconhecendo a sua causa e inocente de qualquer deslize.

Vivem praticamente isolados, uma teia de mal-entendidos e suspeitas infundadas, mas fatais.

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Fanny rapidamente adoeceu. Definhou irremediavelmente até morrer tísica, em 3 de agosto 1854, menos de um ano após o casamento.

José Augusto sucumbiu à culpa e as suas ações após a viuvez mostram um desequilíbrio que lhe cavaria o abismo.

Manda embalsamar o corpo de desventurada e extrair-lhe o coração, que coloca numa urna com formol, talvez para finalmente o possuir. Deposita a jovem num caixão de vidro - qual Branca de Neve - e fecha-se na capela, com um padre, durante uma semana.

Manifesta-se destroçado, morto por dentro, desvairado.

Depois, doente, ruma a Lisboa, e acaba por se suicidar, tomando veneno. Por macabra coincidência – ou não - morre na mesma hospedaria onde, inusitadamente, se encontrava Hugo Owen, que o considerava o carrasco da irmã.

À distância, Camilo sofre também e o que escreveu sobre Fanny e José Augusto em várias obras - misto de verdade e de ficção - contribuiu sobremaneira para adensar o mistério e mostrar que também nunca ultrapassou o caso em que foi personagem e autor.

Segundo afirmou, a autópsia terá demonstrado que o casamento nunca foi consumado e que a trágica jovem, de 24 anos, expirou pura e intocada.

José Augusto foi sepultado anonimamente no Cemitério do Alto de São João. O corpo de Fanny terá sido transferido para um jazigo familiar sem paradeiro certo e o coração perdeu-se para sempre. Ficou o mito.

À margem

São bem conhecidas as aventuras e desventuras amorosas de Camilo Castelo Branco, ele próprio nascido de uma relação clandestina. Casou aos 16 anos, mas teve numerosos e tumultuosos casos extraconjugais, o mais conhecido dos quais, a ligação com a também casada Ana Plácido, que acaba por raptar, uma ousadia que redundou na prisão do casal, após andar a monte.

Mas, não foi a única. Entre as paixões de Camilo estão a freira Isabel Cândida, Patrícia Emília de Barros, uma bailarina espanhola e muitas outras, embora da sua vida também faça parte uma errática passagem pelo seminário. Viveu anos de boémia, jogo e antros de reputação duvidosa, mas sempre escrevendo para sobreviver, o que o tornou um dos escritores mais prolíficos do seu tempo.

Colaborando com diversos jornais e outras publicações, envolveu-se igualmente em múltiplas polémicas, políticas e pessoais, estando várias vezes em maus-lençóis devido às suas opiniões e a inconfidências publicadas.

Tal como José Augusto Pinto de Magalhães, mas muitos anos depois, quase cego em resultado da sífilis que o consumia, matou-se. Disparou um tiro de revolver contra a têmpora, pondo fim à vida, aos 65 anos.

Quando esteve na cadeia, para além de ter escrito muito e de ter sido visitado pelo jovem e ponderado rei D. Pedro V - a quem as peripécias amorosas do escritor deviam parecer totalmente descabidas - Camilo conheceu o célebre salteador Zé do Telhado, famoso por, alegadamente, roubar aos ricos para dar aos pobres.

Mas isso é outra história…

 

 

Fontes

Visconde de Vila-Moura, Fanny Owen e Camilo, Edições do Tâmega, 1992.

Agustina Bessa-Luís, Fanny Owen, Porto, Público Comunicação Social, SA, 2002.

Rute Silva Correia, A Verdade é o Que Camilo Deixou Escrito, Lisboa, Universidade de Lisboa, in Revista da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais nº7, p252-262, 2010.

 

Arquivo Distrital do Porto

Registos paroquiais, casamentos, Porto, Santo Ildefonso, PT-ADPRT-PRQ-PPRT12-002-0030_m0188

Imagens

Canva: um Kit de Criação Visual para todos

Camilo Castelo Branco – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Monumentos

Visconde de Vila-Moura, Fanny Owen e Camilo, Edições do Tâmega, 1992.

Casa de Camilo: Image (wordpress.com)

Casa de Camilo: Image (wordpress.com)

As mulheres do concelho de Vila Nova de Gaia ao Longo do Século XX, Mostra Fotográfica, Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner, março 2011.

Arquivo Municipal do Porto, Camilo Castelo Branco e o Seminário do Porto, em 1852, PT-CMP-AM/PUB/CMPRT/DSCS-GHC/1689-1694/PUB.63-F.P:CMP:9:156

 

Lido em parte incerta (1)

Vilegiatura

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Diz-se do tempo livre passado fora de casa, em período de férias, buscando repouso, lazer, convívio ou bálsamo para maleitas diversas. Algo originalmente ao dispor apenas das classes privilegiadas, tornou-se mais abrangente a partir do século xx.

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Flirt à beira-mar, na Póvoa do Varzim

Às mais antigas, vilegiatura termal (nas caldas e termas) e climática (em locais com condições climatéricas específicas – sol ou frescura, por exemplo), seguiu-se a vilegiatura marítima (a banhos nas praias ou apenas estadia junto à costa).

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Gincana nas Pedras Salgadas

Lido por aqui e por ali:

“…é Pedrouços a mansão oficial da vilegiatura burocrática de Lisboa. Chefes de secretaria, oficiais, amanuenses, tabeliães, guarda-livros, caixeiros de escritório, escrivães, retemperam anualmente…”

In Ramalho Ortigão, As Praias de Portugal, Ediçoes Vercial, 2014. p.25

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Para saber mais

Sobre os veraneio dos remediados, na margem sul do Tejo

Sobre como as conservas mataram a vilegiatura marítima em Setúbal

Sobre como os alcacerenses abastados iam em vilegiatura a Setúbal

 

 

Fontes

Nos dicionários...

1.Temporada que se passa fora da zona de habitação habitual, a banhos, no campo ou viajando, para descansar dos trabalhos habituais.

"vilegiatura", no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2024, https://dicionario.priberam.org/vilegiatura.

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Temporada que se passa fora de casa, em passeio, principalmente na estação quente

Tempo de descanso na praia, no campo ou em estância balnear.

Do italiano villeggiatura, «temporada que se passa em casa de campo»

Porto Editora – vilegiatura no Dicionário infopédia da Língua Portuguesa [em linha]. Porto: Porto Editora. Disponível em https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/vilegiatura

 

Imagens

Banhistas, Illustração Portugueza, 26.09.1904

Gincana nas Pedras Salgadas, Illustração Portugueza, 07.10.1912

Flirt junto ao mar, Illustração Portugueza, 07.10.1912