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O sal da história

Crónicas da história. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos.

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Crónicas da história. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos.

(29) Instantâneos: a visita marítima de D. Afonso e suas borboletas

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O furioso condutor é D. Afonso, também batizado como o “arreda”, que ficou para a história como o irmão de D. Carlos que adorava automóveis e velocidades estonteantes – para a época, claro. Conhecido ficou também por se fazer rodear de senhoras espampanantes, socialites de reputação mais ou menos duvidosa que as más línguas apelidaram de “borboletas” – as “borboletas de D. Afonso”. Acabaria, aliás, por casar com uma senhora norte-americana que encaixava perfeitamente nesta descrição.
O também Duque do Porto está ao volante de um invulgar veículo – quiçá premonitório dos atuais anfíbios que levam os turistas a passear nas águas e, depois, sobem desajeitadamente para a margem e continuam viagem. Os peixes fogem esbaforidos à sua passagem. Pudera, pode ler-se na legenda: “se no Tejo se pudesse andar de automóvel, aí o tíinhamos com as suas borboletas, atropelando os nossos couraçados”.
Efetivamente, D. Afonso adorava conduzir e arreliava-se com as gentes e os carros puxados a cavalos que se atravessavam à sua frente e não tinham velociadade suficiente para se arredarem do seu caminho. Mas a sua pressa tinha outro fim. É que o infante era comandante honorário de uma corporação de bombeiros (da Ajuda), a qual dotou com um moderníssimo carro de combate a incêndios em que o próprio ocupava o lugar do volante. Claro está que, quando havia fogos para apagar, toda a rapidez era pouca e não lhe restava senão gritar exasperadamente “Arreda!!!”, para poder passar.
A caricatura – publicada no semanário O Zé - vem a propósito do boato em circulação no verão de 1912, que dava conta de ter estado D. Afonso em frente a Lisboa, a bordo de um yacht de recreio, o que muito escandalizou os republicanos. O mexerico terá, provavelmente, tido origem no facto de terem passado por águas portuguesas alguns apoiantes da monarquia, em escala para o exílio, depois de terem saído de Espanha, onde se haviam acoitado, mas entre os quais, que eu saiba, nunca se confirmou que estivesse D. Afonso de Bragança.

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Fontes
Hemeroteca Digital de Lisboa
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/
O Zé - Semanario de caricaturas a cores, crítico e humorístico
Nº96, 2º, 218, 5º ano – 10 set. 1912

https://pt.wikipedia.org/wiki/Afonso_de_Bragança,_Duque_do_Porto
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nevada_Stoody_Hayes

 

 

 

 

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