Ainda O iminente naufrágio do Vera Cruz com milhares de soldados a bordo
No dia seguinte, reinava a destruição
Uma coisa é ouvir dizer. Outra é ver. Na madrugada do dia 26 de maio de 1970, milhares de jovens militares portugueses regressados da guerra do ultramar por pouco não encontraram a morte nas águas do oceano, quando uma onda gigantesca embateu no paquete. Aos comandos vinha José de Azeredo e Vasconcellos*.
Partilho aqui hoje imagens raras dos estragos provocados por essa situação limite que ameaçou deixar de luto muitas famílias. Valeu a sorte, a robustez do navio e, certamente, o sangue-frio de quem enfrentou o perigo ao passar o cabo das tormentas.
A proa inundada, maquinaria arremessada ou inoperacional, junto à qual se aglomeram alguns homens, tentando repor alguma normalidade, enquanto outros assistem, ainda incrédulos, tentando perceber o que aconteceu e como escaparam incólumes.
Ferros retorcidos e arrancados um pouco por todo o lado, balaustrada e borda parcialmente destruídas, vidros estilhaçados pelo convés, cabina de comando totalmente revolvida.
Na manhã após a madrugada de todos os sustos, foi este o cenário de destruição encontrado pelos ainda aturdidos “tropas” a bordo do Vera Cruz.
Era muito, mas face ao sobressalto por todos sentido - fechados nos seus compartimentos, com o credo na boca enquanto o Vera Cruz se parecia despedaçar sob os seus pés - até parecia pouco.
O “contratempo” obrigou ao regresso a Moçambique para as necessárias reparações e atrasou ainda mais o tão ansiado regresso a casa depois do dever cumprido, mas que não seria a última peripécia da viagem…
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*José Horta e Costa de Azeredo Vasconcellos
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Já aqui antes contei, pela voz de um dos militares a bordo, a história desta estranha viagem.
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Fontes
Agradeço a José Manuel Vasconcelos, filho do então comandante do Vera Cruz, a generosidade de me permitir partilhar estas imagens.
O iminente naufrágio do Vera Cruz com milhares de tropas a bordo - O sal da história (sapo.pt)