Instantâneos (32): pedras com alma
“Provavelmente, não há no mundo qualquer outro monumento em torno do qual existam mais lendas, maior aura de romantismo ou de poesia”.
“Se acreditarmos que uma pilha de pedras pode ser possuidora de alma, então pode afirmar-se que esta alma assistiu a toda a multiplicidade de paixões de que o Homem é capaz, durante quase mil anos”*.
Testemunhou a ascensão e queda de dinastias. Presenciou muitos momentos de júbilo e glória; devassidão e ruína.
Ao longo dos séculos, ouviu o juramento de monarcas; deixou que depositassem a seus pés os despojos dos inimigos derrotados; escutou preces em todas as línguas; viu túmulos, arcos e vitrais serem eliminados, substituídos por elementos artísticos ao gosto de cada época; observou estátuas serem decapitadas, tesouros roubados, o seu ventre profanado e transformado em armazém. Sentiu a voracidade do fogo em outras eras… e a tudo assistiu impávida, altiva, como as gárgulas.
Notre Dame voltará a erguer-se, qual Fénix renascida.
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Já antes falei de monumentos incendiados por incúria, ganância ou maldade. Pode ler O homem que roubou e incendiou a Patriarcal.
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*Os dois primeiros parágrafos deste texto são uma tradução livre do inglês. Texto pertencente a um postal de 1901.
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Fontes
Hemeroteca Digital de Lisboa
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/
Diário Illustrado
20º ano; nº6:392 – 17 jan. 1891
Arquivo Municipal de Lisboa
http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/pt/
H.C. White Co. ; H.C. White CO., Publishers, J.J. Killelea & Co., London & Paris-The "Perfect" Stereograph. (Trade Mark)
Arquivo Municipal do Porto
http://gisaweb.cm-porto.pt/
Foto Guedes
F-NV/FG-M/4/12(10)
F-NV/FG-M/4/12(4)