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O sal da história

Crónicas da história. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos.

O sal da história

Crónicas da história. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos.

Instantâneos (47): nevou no Alentejo

 

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Essa sexta-feira amanheceu especialmente fria, mas só quando as primeiras pessoas começaram a sair de casa, rumo aos seus afazeres, se percebeu que, momentaneamente, a paisagem estava quase irreconhecível, pintalgada de branco gélido nada comum por estas paragens. Foi assim em Alcácer do Sal, a 5 de fevereiro de 1954, data em que esta mesma realidade acordou as populações de terras igualmente conhecidas pelo seu calor, como Almodôvar, também no Baixo Alentejo e Castro Marim, no Algarve.

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A maioria, sob o peso das obrigações, seguiu a sua vida o melhor que lhe foi possível, atravessando as ruas cheias de neve nas tarefas habituais e tentando perceber, nas suas hortas, que culturas se tinham estragado pela ação do manto branco.

Foi evidente que ninguém estava preparado para tal surpresa, que fez acentuar a pouca eficácia dos agasalhos do humilde cidadão, tantas vezes descalço ou mal calçado no seu dia-a-dia, mais acostumado – e agradecido – às costumeiras temperaturas amenas.

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Os mais afortunados de tempo e aconchego adoraram tão espantoso e invulgar panorama por aquelas paragens. Brincaram, passearam, fizeram-se fotografar para a posteridade até a neve derreter nos campos. Pelo contrário, esta sua memória não mais se dissiparia e, dali em diante, seria repetida vezes sem conta nos invernos mais rigorosos, com a família reunida frente a um lume reconfortante.

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Nesse dia, Lisboa despertou com um grau negativo, mas nem sinal de neve, isto apesar de os lisboetas se queixarem daquele “frio repentino e polar”, que os pôs “de nariz vermelho, a bater freneticamente os pés e a esfregar as mãos com desespero”.
Os flocos brancos só deram o ar de sua graça em territórios mais habituados a ocorrências geladas – como Covilhã, Ponte da Barca, Viana do Castelo ou Mogadouro, dois dias depois, mas sem a mesma admiração.


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Nas imagens, captadas em Alcácer do Sal, grupo de alunos do externato Dr. José Gentil: Vasco (?) Santana, Manuela Batista (neta de João Bailador), Maria Adelaide Bico Carneirinho, Maria Rosalina Carqueijeiro Magalhães, Ricardo Caixas Conceição, e outros.
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Os meus agradecimentos a Baltasar Flávio da Silva
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Fontes

Fundação Mário Soares
http://casacomum.org/cc/diario_de_lisboa/

Diário de Lisboa
Ano 33º, nº11.198 – 5 fev. 1954
Ano 33º, nº11.199 – 6 fev. 1954
Imagens
Arquivo Histórico Municipal de Alcácer do Sal
PT/AHMALCS/CMALCS/BFS/01/01/01/001
PT/AHMALCS/CMALCS/BFS/01/01/01/002
PT/AHMALCS/CMALCS/BFS/01/01/01/003
PT/AHMALCS/CMALCS/BFS/01/01/01/004
PT/AHMALCS/CMALCS/FOTOGRAFIAS/01/0131
PT/AHMALCS/CMALCS/FOTOGRAFIAS/01/0132

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