Instantâneos (57): Socorro, há fogo!!!!
Hoje não é gritando alto que se chama ajuda em caso de fogo, mas nem sempre foi assim.
Se calhar nunca reparou numas pequenas chapas muito maltratadas que ainda se veem aparafusadas nas fachadas de alguns edifícios. São o que resta de uma tradição importada de Inglaterra e que remonta ao grande incêndio de Londres que, em 1666, devastou 13 mil casas e matou mais de 10 mil pessoas.
Após tão grande catástrofe, tomaram-se medidas para que tal não se repetisse. Surgiram as primeiras companhias que garantiam o que hoje denominamos de seguro contra incêndio, contratando brigadas para apagar as chamas. Eram barqueiros, do transporte de pessoas e mercadorias entre as margens do Tamisa e que, na época, tinham também esta outra ocupação.
As chapas eram oferecidas aos clientes e tinham o símbolo da seguradora responsável pela proteção do edifício onde estavam afixadas. Assim, em caso de sinistro, sabia-se que brigada deveria ser chamada.
Em Portugal, os primeiros bombeiros não eram barqueiros, mas sim carpinteiros e calafates, que desde o século XIV eram responsáveis por apagar incêndios. O termo bombeiro, aliás, só terá começado a ser usado no século XVIII, quando as bombas se tornaram imprescindíveis a este trabalho. Antes, a água era carregada em baldes de couro.
A “moda” das chapas das seguradoras terá sido, no entanto, introduzida por influência dos ingleses que se estabeleceram por cá, em especial no Norte, e trouxeram com eles companhias seguradoras da mesma nacionalidade.
Em terras lusas, as chapas nunca apresentavam o número da apólice e, aparentemente, não existia uma ligação às corporações de bombeiros, que aqui seguiram uma organização diferente.
Entre nós, as chapas tiveram uma função meramente publicitária que se estendia aos veículos, já que Portugal foi uma das poucas nações com a originalidade de produzir chapas destinadas ao uso em automóveis.
O hábito perdurou até à década de 70 do século XX e, por isso, paulatinamente, foram desaparecendo, por ação do vandalismo ou após intervenções de pintura e/ou restauro dos edifícios que as ostentavam.
As chapas eram maioritariamente executadas em folha-de-flandres ou ferro, nestas últimas com ou sem aplicação de esmalte.
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Fontes:
Vítor Alegria e José Pousinho Henriques, in “Chapas” – Heráldica das Seguradoras, Inetese – Associação para o Ensino e Formação, fevereiro de 2009 (1ª edição)
Vítor Alegria, in
http://www.clubechapas.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=7&Itemid=42,
https://www.bombeiros.pt/historial/historial.html
https://www.sbsi.pt/atividadesindical/informacao/OnlineFebase/Paginas/Febase_87/stas_chapas.aspx