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O sal da história

Crónicas da história. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos.

O sal da história

Crónicas da história. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos.

Instantâneos (69): Portugal aos quadradinhos

 

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Reis e rainhas; príncipes e princesas; exércitos armados; povo na sua labuta diária; castelos e serras; caça, festas…e o Adamastor. A história de Portugal conta-se aos quadradinhos, a azul sobre branco ou numa inesperada explosão de cor, em traço firme, irrepetível e arrebatador. A tradição do azulejo português é longa e riquíssima, mas poucos terão chegado à mestria de Jorge Colaço. A sua arte foi muito mais que a pintura para os impressionantes painéis que deixou um pouco por todo o País, mas ainda que tivesse sido “apenas” isso, teria sido muitíssimo.

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Conquistou no azulejo a liberdade que outros apenas conseguiam na tela, porque ousou desafiar os cânones, pintando em vidrado já cozido, causando o escândalo e a incredulidade dos puristas.


Desta forma, evitou as limitações dos azulejos em cru, absorvendo muito rapidamente a tinta e impondo restrições ao nível da coloração, deturpada com a cozedura, que também alterava o brilho final.


Tal arrojo, vaticinavam os céticos, só poderia resultar numa arte efémera, não virtualmente imortal, como seria expectável na azulejaria.


Não tinham razão! Os seus painéis aí estão a provar a durabilidade dos materiais e do génio de Jorge Colaço, que igualmente se atreveu a combinar no mesmo trabalho várias técnicas, tradicionais e modernas, e a testar em azulejo procedimentos inéditos, como a serigrafia.

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Conseguiu assim uma tal variedade de temas, cores, formas e aplicações difícil de igualar, que abriu as portas para os artistas que se lhe seguiram.

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Mas, por muito audácia que Jorge Colaço tivesse a misturar materiais e técnicas, nunca se teria conseguido impor se não fosse senhor de um tremendo talento, uma capacidade de transpor para o azulejo a verdadeira representação da alma de Portugal.

 

 

 

 

 

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Jorge Rey Colaço (Tanger, 1868 – Lisboa, 1942) destacou-se como pintor, caricaturista, ilustrador e ceramista, ligado à Fábrica de Loiça de Sacavém entre 1924 e 1942 e à Fábrica Lusitânia (Lisboa), entre 1924 e 1942.

 

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São especialmente impressionantes, os grandes painéis de sua autoria presentes na Estação de São Bento ou na Igreja da Ordem Terceira do Carmo, ambas no Porto; Grande Hotel do Buçaco e Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa. Também em Lisboa, a Casa do Alentejo apresenta painéis em vários espaços, mas os das salas de jantar e dos sócios têm a particularidade de ostentar uma soberba paleta de cores, que nos arrasta para as fantásticas cenas de caça ou as alegres romarias onde quase se consegue ouvir o cantar das gentes.

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As suas obras que persistem até hoje são às centenas, espalhadas por todo o País, em edifícios públicos e particulares - estações de caminho de ferro, museus, escolas, moradias - com uma capacidade de resistir ao tempo que permite a várias gerações o privilégio de apreciar tamanha mestria.

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………….
Fontes

Jorge Colaço, um artista multifacetado; GlazeArch 2015 – International Conference – Glazed Ceramics in Architectural Heritage; Cláudia Emanuel Franco Santos; Eduarda Vieira; José Mirão; João Manuel Mimoso; Laboratório Nacional de Engenharia Civil; Lisboa – julho 2015. Disponível em:
http://azulejos.lnec.pt/AzuRe/Glazearch2015/index.html


http://www.museudoazulejo.gov.pt/Data/Documents/Cursos/azulejaria_2009/az_hist_03.pdf


Comemorações dos 150 anos do nascimento de Jorge Rey Colaço; Memórias da conferência Jorge Colaço – Conhecer, divulgar e preservar; Câmara Municipal de Loures - fevereiro 2018. Disponível em https://www.cm-loures.pt/media/pdf/PDF20180116134336850.pdf


https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Adamastor_-_Jorge_Colaço_(Palácio_Hotel_do_Buçaco).png


https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gigante_Adamastor_by_Jorge_Colaço.jpg

https://pt.wikipedia.org/wiki/Centro_Cultural_Rodrigues_de_Faria#/media/Ficheiro:D._Afonso_Henriques_Batalha_de_Ourique.JPG


http://www.trends-mag.com/pt/in-foco/jorge-colaco-e-a-azulejaria-figurativa-do-seu-tempo/


http://cultured.com/image/1862/Queen_D_Amelia_at_the_Dispensary_for_the_Poor/#.X20LikBFy01

https://fotos.web.sapo.io/i/o6511abc9/13826448_9zYmG.jpeg

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_Colaço#/media/Ficheiro:Jorge_Collaço_-_Brasil-Portugal_(16Mai1908).png

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