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O sal da história

Crónicas da história. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos.

O sal da história

Crónicas da história. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos.

Instantâneos (84): a política da traulitada

 

ribeiro de carvalho.jpg

O cavalheiro com ar abatido e a cabeça ligada é um republicano, apanhado nos tumultos que se seguiram às eleições do dia 5 de abril de 1908. Teve sorte, ainda assim, porque nessa mesma ocasião, 14 morreram em confrontos com a polícia. Os ânimos estavam extremamente agitados por aqueles dias, pois tratava-se de eleger a câmara dos deputados dois meses após o regicídio.

O resultado foi expressivo do estado de divisão em que o País se encontrava, com o hemiciclo fragmentado em partes semelhantes entre regeneradores e progressistas, tendo sido eleitos sete republicanos (para além de dissidentes progressistas, independentes governamentais, governamentais, regeneradores e liberais e um nacionalista).

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O homem, que mais tarde também se sentaria na “Casa da Democracia”, na bancada do Partido Liberal, é o poeta Joaquim Ribeiro de Carvalho, que veremos também, dois anos depois, na varanda da Câmara Municipal de Lisboa quando, a 5 de outubro de 1910, se anunciou a República.

Como profissional da comunicação que também era, soube reverter o mau estado em que se encontrava a favor dos ideais que defendia. Fez-.se fotografar ferido – com o crânio fraturado em resultado de "duas cutiladas", pode ler-se no verso - e distribuiu a imagem em forma de postal.

largo de sao domingos abril 1908.jpg

Nos jornais da época, aliás, são facilmente identificadas as posições dos seus editores e proprietários. O que uns classificam de violenta arruaça dos republicanos, outros apelidam de carnificina perpetrada pelas forças de segurança (polícia e guarda municipal).

Em causa estava a segurança das urnas e a fiscalização da contagem dos votos. Houve confrontos em diversos locais, mas em Alcântara e junto à Igreja de São Domingos (na imagem) assumiram especial gravidade, tendo havido a intervenção da “tropa”.

Oito meses depois, novas eleições, desta vez municipais, reiteravam que as coisas estavam efetivamente a mudar. A 1 de novembro, Lisboa tornava-se uma das primeiras capitais da Europa a eleger uma vereação republicana.

 

 

Fontes

Fundação Mário Soares

www.fms.pt

Joaquim Ribeiro de Carvalho – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Eleições de 1908 (maltez.info)

Efemérides | Centenário da Primeira Vereação Republicana em Lisboa (1908-2008) (cm-lisboa.pt)

Hemeroteca Digital de Lisboa

1908 - Índice cronológico de publicações periódicas digitalizadas (cm-lisboa.pt)

 

Biblioteca Nacional em Linha

www.purl.pt

Diário illustrado

 

Imagens

Biblioteca e Arquivo Pacheco Pereira

ARQUIVO – FOTOGRAFIAS – EPHEMERA – Biblioteca e arquivo de José Pacheco Pereira (ephemerajpp.com)

 

https://commons.wikimedia.org

 

Arquivo Municipal de Lisboa

X-arqWeb (cm-lisboa.pt)

Joshua Benoliel

PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/JBN/001387

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