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O sal da história

Crónicas da história. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos.

O sal da história

Crónicas da história. Aventuras, curiosidades, insólitos, ligações improváveis... Heróis, vilões, vítimas e cidadãos comuns, aqui transformados em protagonistas de outros tempos.

Instantâneos (67): na Moita, a tradição ainda é o que era, mas pouco

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“A bela imagem apareceu e, como é de uso, veio até às escadas do cais, ficando voltada para os botes, como a abençoá-los. Então, ao mesmo tempo, rompeu de todas as embarcações uma porção enorme de foguetes que se cruzavam no ar formando como uma abóbada que estralejava e gerava um louco entusiasmo entre aquela gente do mar”. Esta descrição da chegada da imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem tem mais de cem anos, mas poderia ser da infância da minha mãe ou da minha. Não poderia ser do último domingo, embora a benção às embarcações tenha sido das poucas cerimónias das “festas da Moita” mantidas em ano de pandemia.

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Em vez de vir acompanhada por uma procissão imponente e milhares de pessoas, a santa protetora dos marítimos veio praticamente sozinha, mas cumpriu-se a tradição tão cara às gentes daquela vila da margem sul do Tejo há centenas de anos.

 

O estado de alerta quanto a incêndios eliminou o lançamento de morteiros, a que alude a descrição das festas em 1904.

 

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Nesse ano ainda não se conhecia a “tarde do fogareiro*, mas já havia tourada, claro! Apenas uma – embora “magnifica” - durante os três dias de festividades, que “foram cheias de deslumbramento”, havendo um imponente arraial.


Como desde o início, “tanto pelo negócio, como pela diversão”, muita “gente das imediações” foi ali, havendo uma enorme animação, apesar do tempo “estar pouco seguro”.

 

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As embarcações tradicionais engalanaram-se em honra da padroeira, houve feira franca e, como então era hábito, realizou-se nesses dias “grande número de casamentos e batizados” de povo que, assim, uniu as suas festas familiares às da sua terra, a vila da Moita.

 


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*Iniciativa que junta milhares de pessoas na avenida Dr. Teófilo Braga, em torno de centenas de fogareiros onde se grelha o que cada um traz, se bebe e se convive.
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Fontes
Hemeroteca Digital de Lisboa
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/
Illustração Portuguesa
1º ano, nº46 – 19 set. 1904

https://www.cm-moita.pt/
https://7maravilhas.pt/portfolio/festas-em-honra-de-nossa-senhora-da-boa-viagem/

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